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Empresas reforçam programas para jovens
Cresce o interesse em capacitar profissionais da geração Y, na faixa dos 20 aos 30 anos
Paulo Justus
A maior parte da equipe que o gerente da área de pré-vendas Rafael Scaccabarozzi coordena é composta por profissionais mais experientes. "Hoje, somente duas das oito pessoas no meu time são mais novas do que eu", conta o executivo, de 28 anos,responsável por um setor estratégico na multinacional de tecnologia da informação T-Systems.
A geração de Scaccabarozzi, conhecida como geração Y, começa agora a assumir alguns cargos importantes nas companhias. Esses profissionais, com idade entre 20 anos e 30 anos, estão na mira dos novos programas de liderança. "As grandes empresas querem qualificar esses profissionais, que ainda têm pouca experiência e devem assumir responsabilidades nos próximos oito anos", diz Fátima Rossetto, diretora da área de desenvolvimento de lideranças da consultoria DBM do Brasil.
Na DBM, a procura por programas de treinamento para esses profissionais cresceu 20% no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado. Fátima explica que, além de capacitar os funcionários, as empresas veem nos treinamentos uma maneira de reter esses novos talentos. "A rotatividade dos profissionais da geração Y é de cerca de 15% ao ano, um índice alto, comparável ao dos call centers", diz Fátima.
No caso de Scaccabarozzi, o treinamento para ocupar um cargo de gestor na T-Systems começou em 2006, quando participou do programa para identificação de jovens líderes, realizado com 30 profissionais em todo o mundo. Na época, ele havia acabado de ser integrado à equipe da multinacional por meio da incorporação da Gedas, outra empresa de tecnologia. "Além da fusão, eu estava me formando no curso de engenharia da computação. Foi um grande desafio", diz.
Após o treinamento, Scaccabarozzi passou por um programa de avaliação e acompanhamento profissional. Foi qualificado como gerente-geral e, no fim de 2007, assumiu a posição de gerente de uma equipe de suporte, composta por 40 funcionários. "Cheguei a ter pessoas na minha equipe com idade suficiente para serem meus pais."
Hoje, Scaccabarozzi é citado como um caso de sucesso dentro da empresa. "As pessoas me encaram como uma espécie de exemplo de um jovem bem-sucedido na empresa, e eu procuro utilizar meu caso como exemplo para estimular", diz.
Para a gerente de Recursos Humanos da T-Systems, Deborah Toschi, o segredo para o êxito desses programas é o diálogo aberto. "Desde 2006, nós procuramos fazer cursos conjuntos entre profissionais da média e alta gerência, para proporcionar essa interação", diz.
Na Votorantim Cimentos, a transparência também é a palavra-chave para a interação entre as gerações. A companhia convida os jovens profissionais a acompanhar todo o processo decisório. "Criamos canais de acesso para que os trainees possam apresentar suas ideias. Isso faz parte do processo de inovação dentro da companhia", diz Guilherme Rhinow, diretor de desenvolvimento humano da Votorantim Cimentos.
Graças a esses canais, os trainees Alexandre Shiramizu, de 24 anos, e Eric Segatti Silva, de 27 anos, tiveram espaço para ajudar na estruturação de uma nova unidade de negócios da companhia, voltada à autoconstrução. Trabalhando em conjunto com seus gestores, eles criaram procedimentos para esse novo negócio. "Estruturamos uma rede de atendimento ao consumidor final", diz Silva. O projeto acabou virando o trabalho final dos trainees e foi um dos cinco escolhidos para a apresentação na conclusão do curso, no início do mês. "Apresentamos para todos os presidentes das outras áreas do Grupo Votorantim. Foi uma exposição muito bacana e mostrou que estamos aqui para para renovar e trazer ideias novas", diz Shiramizu.