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Custo de crédito no País é um dos mais altos do mundo
Custo de crédito é um dos mais altos do mundo.
O custo de crédito no Brasil é um dos mais altos do mundo. Na pessoa jurídica, a taxa média é mais de dez vezes superior à americana e na pessoa física a diferença é ainda maior. Parte da causa das distorções está na falta de transparência e flexibilidade do mercado de crédito no País.
A afirmação é do consultor Roberto Troster, ex-economista chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Para ele, enquanto há uma oferta rápida e generosa das linhas de crédito caras e demoradas, a oferta de linhas baratas é travada.
Troster cita o exemplo da conta garantida, um recurso emergencial para as empresas, que representa 16,5% do total de crédito pessoa jurídica e responde por 42,7% da receita líquida (spread) desse total. Detalhe: o spread médio cobrado nessas operações é 70,6% ao ano.
Para se ter ideia do que isso significa, o economista explica que a receita líquida de cada R$ 1 na conta garantida equivale ao mesmo que R$ 2,5 no desconto de duplicata, R$ 3,6 em capital de giro e R$ 38 na aquisição de bens. “Eles (os bancos) ganham muito dinheiro com a conta garantida”, afirma o economista. “Poucos (16,7%) carregam 42,7% do piano”.
Troster pondera não ser razoável que tomadores de crédito optem por linhas mais caras, existindo alternativas mais atraentes. Para ele, a solução seria que os bancos só pudessem fixar limites globais para cada tomador de acordo com seus critérios internos, enquanto a escolha da linha de financiamento seria decidida pelo devedor e não pela instituição.
“Assim, consumidores e empresas pendurados no cheque especial e na conta garantida poderiam mudar rapidamente para um financiamento mais conveniente.” Para ele, essa medida apenas, se todos escolhessem migrar, faria o spread de pessoa jurídica recuar de 17,7% para 10,6%. Na pessoa física, a redução seria ainda maior.
Além disso, Troster observa que a falta de transparência nos preços cobrados pelo crédito possibilita abusos e limita a capacidade de escolha do tomador. Segundo ele, cada cliente deveria ter claro qual é sua categoria de risco, a explicação da classificação, e as instituições teriam uma tabela única de taxas por categoria de risco e por tipo de produto.