R. Jesuíno Mendes, 103 - Centro, Água Doce/SC
  • (49) 3524-0367

Mais do que prestação de serviços...

Uma parceria!

País tem chance de sair bem da crise, diz diretor do BC

Na avaliação do diretor do Banco Central, "a deterioração nos emergentes levou a pessimismo diante da falta de reformas estruturais".

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, disse nesta quinta-feira, 08, que se o Brasil mantiver suas políticas e estabilidade tem chances de sair bem da crise financeira global. Segundo ele, estudos projetam que o crescimento mundial vai ser menor que no período pré-crise e que mesmo instrumentos não convencionais podem ser insuficientes para alavancar o crescimento. Neste início de tarde, ele participa de um almoço da Câmara de Comércio França-Brasil, em São Paulo.

Na avaliação do diretor do Banco Central, "a deterioração nos emergentes levou a pessimismo diante da falta de reformas estruturais". "Nos emergentes, os fundamentos se deterioraram em espiral nos últimos tempos", comentou. Awazu também afirmou que os temores sobre "formas novas e antigas de populismo econômico" são legítimos.

Awazu afirmou que a retomada do crescimento da economia dos Estados Unidos acontece de maneira gradual e que é provável que a economia da China venha a desacelerar. "Mas não se trata de prelúdio anunciado de crise nos países emergentes", ponderou durante almoço da Câmara de Comércio França-Brasil, em São Paulo.

"Teremos que avaliar se medidas macroprudencias terão utilidade (no período pós-crise)", afirmou. Segundo ele, o Brasil previa a desaceleração da economia chinesa e se preparou para isto. Na avaliação do diretor do BC, é preciso crescer mais explorando bolsões de produtividade. "Temos que ser vigilantes e firmes na manutenção da estabilidade macroeconômica", disse. "Teremos um mundo difícil, que vai demandar ausência de complacência".

O diretor destacou durante sua palestra em São Paulo a deterioração das expectativas nos últimos meses e o aumento do pessimismo em relação à economia brasileira. Ele associou o pessimismo ao anúncio, em maio do ano passado, pelo então presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, sinalizando que começaria a retirada de estímulos da economia norte-americana. "o tapering está produzindo processo de reprecificação de ativos nos emergentes, o que é normal, previsível, gerenciável", comentou.

A boa notícia, segundo Awazu, é que já começa a haver uma convergência de pensamentos ou sugestões de novas propostas de parte dos economistas para auxiliar a saída do complexo momento pós-crise. "Temos muitos desafios, mas o setor produtivo nacional ainda enxerga o mercado robusto", comemorou o diretor.

Inflação

Perguntado pelo economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, sobre qual seria sua visão sobre a resistência da inflação em um cenário de crescimento decepcionante, Awazu reiterou que o Banco Central tem tomado medidas para não deixar a inflação superar o teto da meta e lembrou que existe estoque de efeitos defasados do aumento da taxa de juros "que deve tocar a inflação mais para a frente". Ele afirmou também que as commodities passam por um momento de transição de preços e que tal movimento é benigno porque eleva as cotações das matérias-primas, o que ajuda nas exportações brasileiras sem se constituir em um movimento de transmissão de inflação.

Ainda de acordo com Awazu, apesar do cenário complexo, as relações do Brasil com a China possuem características idiossincráticas. Por isso, na visão dele, a desaceleração da economia chinesa afetará pouco a economia brasileira dadas as características das importações da China, concentradas em soja e minério de ferro.